O Departamento de Estado dos Estados Unidos está desenvolvendo um plano para desativar gradualmente o Pepfar (Plano de Emergência do Presidente para o Alívio da Aids), conforme revelado por documentos obtidos pelo New York Times. A proposta sugere uma mudança significativa na abordagem do programa, que deixaria de fornecer diretamente medicamentos e serviços para o tratamento e prevenção do HIV em países de baixa renda.
A nova estratégia do Pepfar se concentraria em relações bilaterais, priorizando a detecção de surtos que possam representar uma ameaça aos Estados Unidos e a abertura de mercados para produtos e tecnologias norte-americanas. O governo americano planeja apresentar o projeto aos países beneficiários em outubro e ao Congresso em dezembro deste ano, com uma redução orçamentária de 42% em relação ao valor atual de US$ 4,7 bilhões.
O secretário de Estado, Marco Rubio, defende a diminuição do orçamento, alegando que o programa é marcado por “fraude e desperdício”. A proposta surge em um contexto de tensões entre o apoio bipartidário ao Pepfar no Congresso e a pressão do governo do presidente Donald Trump por cortes em ajudas externas. Apesar dos cortes, o plano prevê investimentos em novas tecnologias, como o medicamento lenacapavir, que demonstrou 100% de eficácia em ensaios clínicos.
A desativação do Pepfar poderá impactar severamente países da África e outras regiões com alta prevalência de HIV, com cronogramas de desligamento que variam de dois a quatro anos, dependendo da nação. Os documentos reconhecem os desafios dessa transição, afirmando que “nenhum programa de saúde global na história passou por uma transição dessa escala”, especialmente em relação a uma doença sem cura ou vacina disponível.