O governo dos Estados Unidos decidiu destruir um lote de anticoncepcionais, avaliado em US$ 9,7 milhões, que seriam enviados a países em desenvolvimento. A medida, que deve ser executada até o final de julho, gerou forte reação de entidades feministas e ONGs, que a consideram um desperdício e um ataque aos direitos das mulheres. Os produtos, armazenados na Bélgica, incluem dispositivos intrauterinos (DIUs) e implantes hormonais.
A decisão foi confirmada pelo Departamento de Estado, que alegou que os anticoncepcionais foram classificados como "abortivos" sob a política vigente, que proíbe o financiamento de ONGs que promovam o aborto. Essa política foi reinstaurada por Donald Trump em 2017 e novamente em 2025. Documentos internos, no entanto, indicam que os produtos têm validade até 2031, contradizendo a justificativa oficial de que estariam vencidos.
Organizações como a MSI Reproductive Choices e a IPPF se ofereceram para adquirir e distribuir os anticoncepcionais sem custo, mas suas propostas foram rejeitadas. O Ministério das Relações Exteriores da Bélgica também está buscando alternativas para evitar a destruição, enquanto senadores democratas nos EUA tentam barrar a incineração por meio de um projeto de lei. Na França, onde a incineração ocorrerá, ativistas pressionam o governo para não apoiar essa decisão, destacando a importância da proteção dos direitos reprodutivos.
A presidente do Planning Familial, Sarah Durocher, criticou a postura do governo francês, afirmando que um país que defende o direito ao aborto deve também proteger o acesso à contracepção. A presidência francesa não se manifestou sobre o assunto até o momento.