Os Estados Unidos iniciaram uma investigação comercial que inclui o sistema de pagamentos brasileiro Pix, um movimento que, segundo Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, reflete o sucesso da ferramenta e a preocupação de grandes empresas americanas. Em entrevista à BBC News Brasil, Meirelles destacou que a inclusão do Pix na lista de alvos do governo Trump é um sinal claro da eficiência do sistema, que se tornou uma referência mundial desde seu lançamento em 2020.
Meirelles argumenta que o verdadeiro incômodo do governo americano reside na concorrência que o Pix representa para gigantes como Google, Apple e Meta. Ele afirmou que o presidente Trump alega que a ferramenta prejudica o sistema de pagamentos das empresas americanas, que dependem das Big Techs. A investigação pode resultar na imposição de sanções e tarifas adicionais, além da taxa de 50% já anunciada por Trump.
O ex-ministro da Fazenda acredita que é essencial uma negociação para revisar a tarifa imposta e sugere que o Brasil deve buscar soluções diplomáticas para resolver o impasse. Meirelles também rebateu acusações do governo dos EUA sobre favorecimento a países como México e Índia, defendendo que as tarifas brasileiras são aplicadas de forma generalizada e sem discriminação específica.
Caso as negociações não avancem, ele não descarta a possibilidade de retaliações, como o aumento de tarifas sobre produtos americanos, mas recomenda cautela e uma análise cuidadosa. Meirelles sugere que, em vez de confrontos comerciais prolongados, o Brasil deve ampliar sua base de parceiros econômicos, especialmente com a China.