Os Estados Unidos iniciaram, na última terça-feira (15), uma investigação interna sobre práticas comerciais do Brasil que consideram desleais, com foco no sistema de pagamentos Pix. A medida foi anunciada pelo representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, por meio do documento intitulado "Investigação da Seção 301 sobre Práticas Comerciais Desleais no Brasil". Embora o Pix não seja mencionado diretamente, o texto refere-se a "serviços de pagamento eletrônico do governo", levantando preocupações sobre a concorrência com alternativas como o WhatsApp Pay e bandeiras de cartões de crédito norte-americanas.
A investigação surge em um contexto em que o Banco Central do Brasil teria favorecido o Pix em detrimento do WhatsApp Pay em 2020, quando a nova funcionalidade de pagamentos do aplicativo foi suspensa por questões de regulação. A economista Cristina Helena Mello, da PUC-SP, defende que a decisão do Banco Central foi correta, uma vez que o WhatsApp não operava dentro do sistema financeiro regulado, o que poderia comprometer o controle das transações monetárias no país.
O Pix, lançado oficialmente em novembro de 2020, foi desenvolvido com o intuito de criar um sistema de pagamentos instantâneos eficiente e seguro. A economista Mello também aponta que o sistema tem se tornado uma alternativa ao dólar em transações internacionais, especialmente em países como Paraguai e Panamá, o que pode ser visto como uma ameaça ao controle econômico dos EUA. Além disso, a introdução do "Pix Parcelado", prevista para 2025, pode intensificar a concorrência com operadoras de cartões de crédito norte-americanas, ampliando as preocupações sobre a competitividade do sistema de pagamentos brasileiro.