O governo dos Estados Unidos liberou nesta segunda-feira (21) mais de 240 mil páginas de documentos relacionados à vigilância do FBI sobre Martin Luther King Jr., em um ato que ocorre no 50º aniversário de sua morte, em 4 de abril de 1968. A divulgação, que foi realizada apesar dos apelos da família do líder e de grupos de direitos civis, marca a primeira vez que esses arquivos, que estavam sob sigilo judicial desde 1977, foram acessíveis ao público.
Os filhos de King, Martin Luther King III e Bernice King, expressaram sua preocupação em um comunicado, pedindo que os documentos sejam analisados com empatia e respeito, destacando a dor que a perda do pai causou à família. Eles também reiteraram a crença de que James Earl Ray, condenado pelo assassinato, não agiu sozinho.
A diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard, classificou a liberação como "sem precedentes" e elogiou o ex-presidente Donald Trump por sua iniciativa em desclassificar os arquivos. No entanto, a divulgação gerou críticas, com alguns líderes de direitos civis, como o reverendo Al Sharpton, afirmando que se trata de uma manobra para desviar a atenção de questões mais urgentes enfrentadas por Trump, incluindo a falta de transparência em outros casos.
Os documentos, que estavam programados para serem liberados apenas em 2027, agora estão sendo analisados por pesquisadores e jornalistas em busca de novas informações sobre o assassinato de King, que ocorreu em Memphis, Tennessee. A Southern Christian Leadership Conference, cofundada por King, também se opôs à divulgação, reforçando a necessidade de um tratamento cuidadoso do legado do líder dos direitos civis.