Na última sexta-feira (18), o Departamento de Estado dos Estados Unidos anunciou o cancelamento dos vistos de entrada no país do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e de outros magistrados da Corte. A decisão foi divulgada por meio de uma mensagem no X (ex-Twitter) pelo secretário de Estado, Marco Rubio, que justificou a medida alegando que o Brasil estaria praticando "censura" e promovendo uma "caça às bruxas" contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
O cancelamento dos vistos foi realizado com base na seção 212(a)(3)(C) do Immigration and Nationality Act, que permite sanções a indivíduos cujas ações possam ter um impacto adverso na política externa dos EUA. Este dispositivo já foi utilizado anteriormente contra cidadãos de países autocráticos, tornando sua aplicação no Brasil, uma democracia, um fato inusitado. O governo Trump argumenta que a atuação do STF compromete a liberdade de expressão nas redes sociais e afeta as operações das grandes empresas de tecnologia.
Ricardo Zúñiga, ex-oficial do Departamento de Estado, destacou a excepcionalidade da decisão, afirmando que é raro que ações desse tipo tenham repercussão na vida pessoal de ministros de um tribunal supremo. O Departamento de Estado se limitou a afirmar que não há mais informações a serem compartilhadas sobre o assunto. A notificação do cancelamento pode não ser feita diretamente às autoridades brasileiras, e os ministros afetados poderão descobrir a proibição apenas ao tentarem entrar nos EUA.
A lista de ministros do STF que teriam seus vistos cancelados inclui nomes como Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e Dias Toffoli, entre outros. No entanto, não foram confirmadas informações sobre a inclusão de outras autoridades brasileiras na sanção. A situação gera especulações e levanta questões sobre as relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos.