O governo dos Estados Unidos anunciou o cancelamento dos vistos do ministro Alexandre de Moraes e de outros sete magistrados do Supremo Tribunal Federal (STF) em resposta à decisão de Moraes de impor tornozeleira eletrônica ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A medida foi divulgada pela Casa Branca e se estende também a familiares dos ministros, incluindo Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flavio Dino, Cármen Lúcia, Edson Fachin e Gilmar Mendes.
A justificativa para o cancelamento dos vistos é que os magistrados se enquadram em uma situação que, segundo o governo americano, poderia ter "consequências adversas e graves para a política externa dos EUA". Por outro lado, os ministros André Mendonça, Luiz Fux e Nunes Marques não foram afetados pela decisão, sendo que Mendonça e Nunes Marques foram nomeados por Bolsonaro, enquanto Fux tem questionado votos e penas de acusados de tentativa de golpe no Brasil.
A decisão foi anunciada pelo secretário de Estado do governo de Donald Trump, Marco Rubio. O STF não se manifestou sobre o assunto até o momento. Os ministros afetados têm sido criticados por bolsonaristas, que os acusam de agir contra o ex-presidente, e também participaram de votações que alteraram regras de responsabilização de plataformas digitais, um tema sensível para Trump.
A ministra das Relações Institucionais do governo Lula, Gleisi Hoffmann, classificou a decisão americana como uma "afronta" ao Poder Judiciário brasileiro e à soberania nacional, destacando a importância da independência do Judiciário em relação a pressões externas.