Os Estados Unidos, segundo maior comprador de carne bovina do Brasil, anunciaram um aumento na tarifa de importação de 10% para 50%, a partir de 1º de agosto. A medida, imposta pelo presidente Donald Trump, gerou preocupações no setor agropecuário brasileiro, que já havia registrado um aumento significativo nas vendas para o mercado americano neste ano, mesmo com a tarifa anterior.
De acordo com o Ministério da Agricultura, os EUA importam 15% do total de carne bovina exportada pelo Brasil, enquanto a China responde por quase metade das vendas externas. Com a nova taxa, analistas apontam que as exportações brasileiras para os EUA podem se tornar inviáveis, levando frigoríficos a redirecionar seus produtos para mercados asiáticos, como o Vietnã, que recentemente retomou as compras de carne bovina brasileira.
Carlos Cogo, da Cogo Consultoria, destaca que os Estados Unidos enfrentam uma inflação recorde na carne bovina devido à redução histórica de seu rebanho, tornando o preço da carne americana significativamente mais alto do que o brasileiro. Apesar de não serem o principal fornecedor de carne bovina dos EUA — posição ocupada pela Austrália —, o Brasil se vê em uma situação delicada, já que a competitividade de seus produtos pode ser afetada pela nova tarifa.
A Associação Brasileira da Indústria de Carnes (Abiec) já busca alternativas para minimizar os impactos, incluindo a abertura de um escritório na China e a aceleração de negociações com países que ainda não importam carne brasileira, como Japão e Coreia do Sul. A expectativa é que, mesmo diante das dificuldades, o Brasil consiga compensar a perda no mercado norte-americano com novos negócios internacionais.