Um estudo conduzido pelo neurocientista Philip Jean-Richard-dit-Bressel, da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, investiga por que algumas pessoas persistem em comportamentos prejudiciais, mesmo cientes das consequências. Publicada na revista Nature Communications Psychology, a pesquisa analisou 267 indivíduos de 24 países, revelando que a dificuldade em ajustar ações com base em novas informações é um fator determinante, e não a falta de atenção ou motivação.
Os participantes foram submetidos a um jogo online onde deveriam escolher entre dois planetas, um dos quais resultava em perdas. Apesar de receberem feedback claro sobre suas escolhas, 27% dos jogadores, classificados como 'compulsivos', continuaram a errar, demonstrando uma desconexão entre conhecimento e ação. O estudo identificou três perfis de comportamento: sensíveis, desatentos e compulsivos, sendo que os últimos apresentaram uma resistência em mudar suas estratégias, mesmo compreendendo a lógica do jogo.
Seis meses após o experimento inicial, a maioria dos participantes manteve seu padrão de comportamento, sugerindo que essas características são traços persistentes de personalidade. A pesquisa também destacou que indivíduos com mais de 50 anos tendem a apresentar maior propensão ao comportamento compulsivo, possivelmente devido à menor flexibilidade cognitiva. Esses achados têm implicações significativas para campanhas de saúde pública, que muitas vezes presumem que a conscientização é suficiente para promover mudanças de comportamento, mas que podem não ser eficazes para todos os perfis de indivíduos.