Um novo estudo publicado na revista Nature alerta que as regiões agrícolas mais produtivas do mundo, muitas vezes consideradas celeiros, estão entre as mais vulneráveis às mudanças climáticas. Pesquisadores de instituições dos EUA e internacionais analisaram mais de 12 mil regiões em 55 países e descobriram que a produção de milho e trigo pode cair até 40% neste século devido ao aumento da temperatura global. A pesquisa indica que, para cada aumento de 1°C, a produção mundial de alimentos pode diminuir em cerca de 120 calorias por pessoa por dia, representando uma queda de 4,4% no consumo diário atual.
O estudo, liderado por Andrew Hultgren, professor assistente da Universidade de Illinois, destaca que mesmo com a implementação de estratégias de adaptação climática, as áreas agrícolas ricas enfrentam riscos significativos. "Aqueles que têm mais a perder, perdem mais", afirmou Hultgren, enfatizando que os agricultores nos EUA, especialmente no centro do país, estão entre os mais afetados. A pesquisa também se alinha a um estudo anterior que revelou um aumento sem precedentes na severidade das secas globais, com 30% da superfície terrestre enfrentando secas moderadas a extremas em 2022.
Os resultados sugerem que as regiões com climas favoráveis, que atualmente se beneficiam de condições ideais para a agricultura, podem ser as mais impactadas, pois não estão adaptadas a temperaturas extremas. Em contrapartida, agricultores em regiões mais quentes e de menor renda já desenvolveram práticas de cultivo mais resilientes. O estudo revela que a produção de milho e trigo nas principais regiões, como o cinturão de grãos dos EUA e partes da Ásia, pode sofrer perdas significativas, alterando o cenário agrícola global e levantando preocupações sobre a segurança alimentar no futuro.