Um estudo publicado na revista científica Nature Medicine aponta que fatores como instabilidade política, poluição do ar e alta desigualdade social aceleram o envelhecimento cerebral. A pesquisa, que envolveu 41 cientistas, incluindo três brasileiros apoiados pelo Instituto Serrapilheira, analisou dados de 161.981 participantes em 40 países, incluindo o Brasil.
Utilizando modelos de inteligência artificial e modelagem epidemiológica, os pesquisadores avaliaram as chamadas "diferenças de idade biocomportamentais (BBAGs)", que medem a discrepância entre a idade real de uma pessoa e a idade prevista com base em sua saúde, cognição e outros fatores de risco. Os resultados indicam que o ambiente em que se vive pode impactar significativamente o envelhecimento, aumentando o risco de declínio cognitivo e funcional.
Os autores do estudo destacam que o envelhecimento acelerado está associado a fatores como baixos níveis de renda, má qualidade do ar, desigualdade de gênero e fragilidade democrática. Países com altos índices de corrupção e baixa transparência apresentam maiores taxas de envelhecimento, enquanto nações europeias e asiáticas demonstram um envelhecimento mais lento. O Brasil ocupa uma posição intermediária nesse contexto.
Os pesquisadores alertam que as autoridades de saúde devem priorizar a redução das desigualdades sociais e o desenvolvimento regional para promover um envelhecimento mais saudável. "O local de nascimento e de moradia influenciam de maneira desigual o cérebro de todos", afirma Wyllians Borelli, um dos autores do estudo.