Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em colaboração com as Universidades Federais de São Paulo (Unifesp) e do Ceará (UFC), publicaram um artigo na revista Química Nova, onde exploram a diversidade química dos zoantídeos, invertebrados marinhos que habitam rochas no fundo do mar. O estudo, realizado entre 2014 e 2015, analisa a quimiodiversidade de espécies coletadas em ilhas oceânicas da Amazônia Azul, revelando a complexidade das substâncias produzidas por esses organismos em resposta a condições adversas do ambiente marinho.
As espécies investigadas incluem Palythoa caribaeorum, Palythoa variabilis e Zoanthus spp., coletadas em locais como os Arquipélagos de São Pedro e São Paulo, Trindade e Martin Vaz, Fernando de Noronha e o Atol das Rocas. Os resultados indicam que tanto fatores genéticos quanto ambientais influenciam o metabolismo dos zoantídeos, resultando em uma variedade de metabólitos que podem ter aplicações biomédicas e biotecnológicas, conforme destacado pela pesquisadora Bianca Sahm.
Utilizando técnicas avançadas de química analítica, como cromatografia e espectrometria de massas, os cientistas conseguiram mapear os compostos químicos e construir redes moleculares, criando uma “impressão digital química” para cada amostra. A pesquisa também aborda a vulnerabilidade desses organismos às mudanças climáticas, ressaltando a importância de entender como as alterações ambientais afetam sua química e, consequentemente, seu potencial de uso na saúde humana.
O grupo de pesquisa, coordenado por Letícia Veras Costa Lotufo, se dedica há mais de 20 anos ao estudo de substâncias marinhas com potencial anticâncer. Os dados obtidos neste estudo servirão como base para investigações futuras sobre as mudanças nas amostras coletadas ao longo do tempo, especialmente após 2019, quando ocorreram eventos climáticos significativos.