Cientistas da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) detectaram, pela primeira vez na América Latina, microplásticos em amostras de placenta e cordão umbilical de mulheres grávidas atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Alagoas. A pesquisa, que analisou 10 gestantes, encontrou contaminação em todas as amostras, evidenciando a presença de 119 partículas de microplásticos nos cordões umbilicais e 110 nas placentas.
Os microplásticos, partículas de plástico minúsculas que podem ser transportadas pelo vento e encontradas em diversos produtos, como cosméticos e alimentos, levantam preocupações sobre os potenciais riscos à saúde, conforme destacado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O coordenador da pesquisa, Alexandre Borbely, afirmou que ainda estão sendo mensurados os impactos desses compostos no organismo humano, embora estudos preliminares em modelos animais já indiquem efeitos adversos.
A pesquisa utilizou a técnica de espectroscopia Micro-Raman para identificar a composição química dos microplásticos, sendo este o primeiro estudo a revelar a presença dessas partículas em gestantes na América Latina e o segundo no mundo a identificar microplásticos no cordão umbilical. O polietileno foi o tipo de plástico mais encontrado, comum em embalagens e brinquedos.
Os pesquisadores planejam expandir o projeto para investigar a relação entre a quantidade e o tipo de microplástico com possíveis alterações gestacionais e fetais. A Ufal anunciou a criação de um centro de excelência em pesquisa sobre microplásticos, que visa acelerar os estudos sobre os efeitos desses contaminantes na saúde humana.