Um estudo abrangente publicado na revista The Lancet Planetary Health confirmou que a exposição prolongada a poluentes atmosféricos, como partículas finas (PM2,5), dióxido de nitrogênio (NO₂) e fuligem (black carbon), aumenta significativamente o risco de demência, incluindo Alzheimer. A pesquisa analisou dados de mais de 26 milhões de pessoas em várias partes do mundo, destacando a gravidade do problema de saúde pública.
Os pesquisadores observaram que, para cada aumento de 5 μg/m³ de PM2,5, o risco de demência sobe em 8%. No Brasil, a média anual de PM2,5 em 2023 foi de 9,9 μg/m³, quase o dobro do limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em São Paulo, a situação é ainda mais crítica, com uma média de 14,59 μg/m³, o que pode elevar o risco de demência em até 20% em comparação a regiões com ar considerado ideal.
A revisão incluiu 51 estudos de diferentes países, e apesar das variações metodológicas, os dados foram consistentes ao demonstrar a associação entre poluentes e doenças neurodegenerativas. Os cientistas da Universidade de Cambridge enfatizam que a poluição do ar não afeta apenas o sistema respiratório, mas também compromete a saúde neurológica, sugerindo que a poluição pode ter efeitos diretos e indiretos no cérebro, levando a inflamações e danos neuronais.