Um estudo publicado na revista Temperature em maio de 2025 destaca o impacto letal das temperaturas extremas na Índia, onde mais de 34.000 mortes foram registradas entre 2001 e 2019 devido ao calor e frio intensos. A pesquisa, que analisa dados de mortalidade, aponta que homens em idade produtiva foram os mais afetados pelo calor, enquanto as mortes por frio foram distribuídas entre os gêneros. Os estados com menor urbanização e investimento em proteção social apresentaram taxas de mortalidade mais altas, sugerindo que infraestrutura adequada pode mitigar esses efeitos.
Além de evidenciar a situação na Índia, o estudo alerta para a ameaça global das temperaturas extremas, que, segundo a OMS, causaram 489 mil mortes por exposição ao calor entre 2000 e 2019. Na Europa, a onda de calor de 2003 resultou em mais de 70 mil mortes em três meses, evidenciando que até regiões com melhores condições de saúde pública não estão imunes a essa crise.
No Brasil, um estudo de 2022 na revista Nature Medicine revelou que cerca de 6% das mortes urbanas estão relacionadas a temperaturas extremas. Entre 1997 e 2018, mais de 142 mil mortes foram atribuídas a essas condições, com o frio sendo responsável pela maioria dos óbitos. O aumento das mortes associadas ao calor é especialmente alarmante nas regiões Norte e Centro-Oeste, onde as temperaturas extremas têm crescido rapidamente.
Os efeitos do calor e do frio extremos afetam principalmente populações vulneráveis, como idosos e recém-nascidos. Dados do Ipea de 2022 indicam que cerca de 282 mil pessoas em situação de rua no Brasil enfrentam riscos elevados devido à exposição contínua a variações severas de temperatura, sem acesso a abrigo ou água potável. A pesquisa conclui que muitas dessas mortes poderiam ser evitadas com estratégias adequadas de proteção e infraestrutura.