Um levantamento realizado pela plataforma Gigu, que auxilia motoristas de aplicativo a calcular a lucratividade de suas corridas, revelou que 92% dos motoristas entrevistados estão endividados. A pesquisa, que ouviu 1.252 motoristas em todos os estados brasileiros, aponta que a jornada de trabalho média é de 52 horas semanais, podendo chegar a 60 horas em capitais como São Paulo. Apesar da carga elevada, o lucro líquido mensal não ultrapassa R$ 4,1 mil, com cidades como Maceió apresentando rendimentos ainda mais baixos, de R$ 1,8 mil.
Os dados indicam que os altos custos fixos, como o preço da gasolina e a falta de transparência nos repasses das plataformas, impactam diretamente na renda dos motoristas. Em Belém, por exemplo, os gastos mensais com combustível podem consumir até 40% do faturamento. Além disso, 30% dos motoristas alugam veículos, o que reduz ainda mais a margem de lucro. O estudo também revela que muitos motoristas optaram por essa profissão devido à escassez de oportunidades no mercado formal.
Entre os motoristas com menos de 35 anos, 61% afirmam ter dificuldade em planejar o futuro devido à instabilidade da renda e ao aumento do custo de vida. A pesquisa aponta que 55% dos entrevistados já consideraram desistir da profissão, citando insegurança nas ruas, falta de valorização e pressão dos algoritmos como principais motivos. A rotina desgastante também afeta a saúde mental, com 89% relatando impactos negativos nesse aspecto. O Brasil conta atualmente com mais de 2 milhões de motoristas de aplicativo, segundo o Cebrap.