Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Regional de Blumenau (Furb), da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas da Argentina (Conicet) revelou que 91,6% dos 107 produtores de tabaco entrevistados em Chapadão do Lageado, Santa Catarina, apresentaram sintomas da doença da folha verde do tabaco (DFVT), conhecida como 'overdose de nicotina'. O município, com cerca de 2,95 mil habitantes, é um dos maiores produtores de fumo do Brasil, com uma safra de 158 mil toneladas na temporada 2023/24.
A pesquisa, publicada na revista Desenvolvimento e Meio Ambiente, identificou a presença de resíduos de pesticidas em 18 das 36 amostras de água coletadas em rios e poços da região. Os princípios ativos detectados, como sulfentrazone, imidacloprid e thiamethoxam, estavam em concentrações que ultrapassam os limites estabelecidos pela União Europeia para água potável. Quatro dos seis poços analisados estavam contaminados, levantando preocupações sobre a segurança da água consumida pela população local.
Giane Carla Kopper Müller, uma das autoras do estudo e proprietária de áreas rurais na região, destacou a necessidade de entender a origem da contaminação, uma vez que as fontes de água estão protegidas e distantes das lavouras. A pesquisa busca compreender as práticas dos fumicultores e sua influência sobre a saúde dos trabalhadores e a contaminação dos recursos hídricos, ressaltando a urgência de medidas para mitigar os riscos associados ao cultivo do tabaco em Santa Catarina.