Pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP publicaram um estudo na revista Nature Communications que revela novos mecanismos de retenção de carbono em solos de manguezais. A pesquisa, liderada pelo professor Francisco Ruiz, destaca a importância dos óxidos de ferro de baixa cristalinidade, que estabilizam o carbono orgânico do solo, protegendo-o da decomposição e, consequentemente, da liberação de dióxido de carbono (CO2).
Os manguezais, reconhecidos como um dos ecossistemas mais eficazes na captura de gases de efeito estufa, superam até mesmo florestas tropicais. O estudo mostra que mudanças no uso da terra, como a construção de tanques de camarões e pastagens, alteram o ambiente geoquímico, levando à oxidação do solo e comprometendo a capacidade de estabilização do carbono.
A pesquisa utilizou técnicas avançadas, como espectroscopia no infravermelho e análise térmica, para avaliar amostras do estuário Mocajuba-Curuçá, no Pará. O professor Tiago Osório Ferreira, orientador de Ruiz, considera os resultados uma “quebra de paradigma” na compreensão do funcionamento dos manguezais como drenos de carbono, ressaltando a importância de estratégias de uso da terra que minimizem os impactos das mudanças climáticas.