Pesquisadores do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apresentaram, na quarta-feira (16), durante a 77ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) em Recife, dados alarmantes sobre o aumento do estresse hídrico na Amazônia. O estudo indica que a extensão das áreas afetadas e a duração da estação seca na região têm crescido nas últimas décadas, exacerbados por ondas de calor e desmatamento.
Liana Anderson, pesquisadora do Cemaden, destacou que mais da metade da floresta enfrenta eventos de estresse hídrico, o que compromete a ciclagem da água e a capacidade de estocar carbono. A pesquisa aponta que entre 50% e 60% das chuvas na Amazônia são provenientes da evaporação do oceano, um processo que está sendo ameaçado pela redução das chuvas e pelo aumento da temperatura.
Os dados revelam que 63% da região passou por estresse hídrico em 2015, com uma leve melhora em 2016, mas um novo aumento para 61% em 2023. Anderson alertou que a mortalidade de árvores, especialmente as de raízes profundas, pode alterar a estrutura da floresta e impactar o ciclo hidrológico, aumentando a vulnerabilidade do bioma. Além disso, a pesquisa indica que cada grau de aumento na temperatura pode resultar em uma redução de 6% nos estoques de carbono da Amazônia.