Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) descobriram que a resistência à insulina no cérebro pode ser um fator que liga a doença de Alzheimer à epilepsia, conforme estudo realizado em modelo animal. A pesquisa, apoiada pela Fapesp, sugere que a alteração na sinalização de insulina pode aumentar o risco de desenvolvimento de Alzheimer em pacientes com epilepsia, além de provocar crises convulsivas em indivíduos com a doença neurodegenerativa.
O estudo, liderado pelo professor Norberto Garcia-Cairasco, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, destaca a complexidade do Alzheimer, que requer abordagens terapêuticas mais abrangentes. Atualmente, os medicamentos disponíveis apresentam eficácia limitada e focam apenas em sintomas, sem tratar as causas subjacentes da doença.
Garcia-Cairasco aponta que a resistência à insulina no cérebro pode prejudicar a plasticidade sináptica e favorecer a neuroinflamação, contribuindo para o acúmulo de proteínas beta-amiloide e Tau, que estão associadas à degeneração neuronal. Essa nova perspectiva sugere que o Alzheimer poderia ser considerado uma forma de diabetes tipo 3, uma vez que a resistência à insulina pode ocorrer independentemente da presença de diabetes tipo 1 ou 2.
O estudo, que recebeu prêmios em 2024, é um dos primeiros a estabelecer uma ligação direta entre a resistência à insulina cerebral e a suscetibilidade a crises convulsivas, abrindo novas possibilidades para a investigação de fatores causais que envolvem tanto o Alzheimer quanto a epilepsia.