Um estudo da Oxfam Brasil, divulgado nesta quinta-feira (10), aponta que a parcela de 0,15% mais rica da população concentra R$ 1,1 trilhão em renda, enquanto os 10% mais pobres arcam com uma carga tributária proporcionalmente três vezes maior. A pesquisa destaca que a estrutura do sistema tributário brasileiro penaliza especialmente as classes de menor renda, afetando diretamente mulheres negras, que representam a base da pirâmide social.
De acordo com os dados, os 0,1% mais ricos destinam 10% de sua renda a tributos, enquanto os 10% mais pobres comprometem 32% do que recebem. A Oxfam atribui essa discrepância à natureza regressiva do sistema tributário, que onera mais os que têm menos recursos. A análise revela que 81% dos super-ricos são homens brancos, enquanto as mulheres negras lideram 65% dos lares mais pobres.
O economista Everaldo Leite, em entrevista ao Jornal Opção, enfatiza que essa distorção tem impactos profundos na economia nacional. Ele defende uma reforma tributária que reduza impostos sobre o consumo e aumente a carga sobre renda e patrimônio, argumentando que isso estimularia o consumo e, consequentemente, o crescimento econômico. Leite sugere que a taxação sobre altos rendimentos e dividendos deve ser revisada para garantir uma maior justiça fiscal.
Além disso, Leite critica os incentivos fiscais concedidos a setores ricos da economia, que, segundo ele, comprometem a capacidade de investimento do Estado. Ele propõe o fim gradual desses benefícios, redirecionando os recursos para setores estratégicos que possam impulsionar o desenvolvimento econômico de cada região. A nova legislação tributária em discussão deve buscar eliminar privilégios que não atendem mais às necessidades do país.