O Espírito Santo, líder nacional na exportação de rochas naturais, começa a sentir os efeitos do anúncio de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, feita pelo governo dos Estados Unidos. Exportadores capixabas, especialmente no setor de mármore e granito, relataram que, apesar de não haver cancelamento de pedidos, compradores norte-americanos solicitaram a suspensão imediata dos embarques até que a situação se esclareça.
Tales Machado, presidente da Associação Brasileira de Rochas Naturais (Centrorochas), destacou que a principal preocupação é a possibilidade de que as tarifas brasileiras sejam mais altas do que as aplicadas a concorrentes diretos, como Itália, Turquia, Índia e China, o que comprometeria a competitividade do produto capixaba. "O grande medo nosso é a gente ter uma taxação maior que os nossos concorrentes diretos", afirmou.
Em resposta a essa situação, o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, se reuniu com o vice-presidente Geraldo Alckmin para discutir estratégias que possam mitigar os impactos da tarifa. O governo federal também anunciou a criação de um comitê para ouvir os setores mais afetados. As entidades norte-americanas ligadas ao setor de rochas estão se mobilizando para tentar reverter a medida, uma vez que a industrialização do produto final nos EUA depende desse material.
Os Estados Unidos são o principal importador de rochas naturais do Espírito Santo, representando 62,4% das exportações do setor em junho de 2025. O estado é responsável por 82,85% de todas as exportações brasileiras de rochas naturais no primeiro semestre de 2025, com destaque para chapas polidas, que possuem alto valor agregado e são processadas por indústrias locais.