O Jornal Nacional consultou especialistas sobre as estratégias que o Brasil pode adotar nas negociações com os Estados Unidos, destacando a importância de uma abordagem cautelosa devido à interdependência econômica entre os dois países. O professor Feliciano Guimarães, da USP, alertou que é crucial evitar uma guerra comercial, que poderia causar danos significativos à economia brasileira, já que os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China.
Guimarães sugere que o Brasil deve formar alianças com nações em situações semelhantes e com setores da economia americana que seriam impactados por tarifas. O professor Carlos Gustavo Poggio, também especialista em Relações Internacionais, enfatiza a necessidade de uma retaliação estratégica, evitando a aplicação direta de tarifas que poderiam prejudicar a cadeia produtiva brasileira, como no caso de maquinário importado dos EUA.
Poggio propõe a ideia de “retaliação cruzada”, onde o Brasil poderia adotar medidas em setores como serviços e propriedade intelectual, inspirando-se em negociações anteriores com os EUA, como a do algodão em 2010. Ele ressalta que a abordagem deve ser diplomática e que o governo brasileiro deve priorizar a negociação para adiar tarifas, utilizando medidas recíprocas apenas como último recurso.
O professor Cláudio Finkelstein, da PUC de São Paulo, complementa que a imprevisibilidade do governo Trump complicou as relações comerciais, mas que outros países conseguiram negociar acordos mais favoráveis. Ele reforça que o foco deve ser em negociações que possam reduzir tarifas e facilitar o comércio entre Brasil e Estados Unidos.