A escassez de peixes nos rios do Amazonas tem gerado preocupações entre os pescadores da região, especialmente no bairro Puraquequara, na Zona Leste de Manaus. Durante o período de cheia do Rio Negro, que ocorre entre outubro e julho, a pesca, principal fonte de renda das comunidades ribeirinhas, sofreu uma queda drástica, com relatos de uma redução superior a 80% na captura de peixes. Francisco Mateus, um pescador de 67 anos, afirmou que esta é uma das piores situações que já enfrentou, destacando que a escassez atual é resultado das secas severas dos últimos anos, que impactaram o ciclo natural de reprodução dos peixes.
O biólogo Edinbergh Caldas Oliveira corroborou a análise de Mateus, explicando que as secas extremas de 2023 e 2024 prejudicaram a qualidade da água, afetando a sobrevivência das larvas e alevinos. Com a diminuição da pesca, a renda e a alimentação das famílias ribeirinhas estão comprometidas, levando a uma situação de vulnerabilidade. "Se você não consegue o pescado, não tem renda. Então fica difícil", lamentou Francisco.
Atualmente, o nível do Rio Negro é de 29,01 metros, após uma leve queda, e especialistas indicam que pode haver uma tendência de vazante nos próximos dias. A Defesa Civil do Estado informou que 42 dos 62 municípios do Amazonas estão em situação de emergência, afetando mais de 530 mil pessoas. Moradores do Puraquequara relataram que, ao contrário de anos anteriores, não receberam assistência do poder público, o que agrava ainda mais a situação. A Prefeitura de Manaus anunciou que enviará cestas básicas para as comunidades afetadas, enquanto o Governo do Amazonas afirmou que está atendendo os municípios em emergência, mas a responsabilidade pela zona rural de Manaus recai sobre a prefeitura.