O anúncio da nova tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, a ser implementada a partir de 1º de agosto, já está gerando impactos significativos nas indústrias do país. Empresários têm se mobilizado para acelerar a produção e o envio de mercadorias para os Estados Unidos, visando evitar prejuízos. Em São Paulo, uma indústria de máquinas para salgados reduziu o tempo de fabricação de um mês para apenas cinco dias, implementando turnos extras e trabalho nos finais de semana para atender à demanda.
Gilberto Poleto, diretor da empresa, destacou que o aumento nas horas extras, a antecipação de insumos e o encarecimento do frete aéreo, devido à alta demanda, devem elevar os custos de produção em pelo menos 10%. Para contornar a situação, a empresa já considera alternativas, como a montagem de máquinas nos Estados Unidos, caso a tarifa se mantenha.
Em Minas Gerais, outra indústria, especializada em fornos rápidos, também se vê obrigada a encontrar soluções rápidas para atender o mercado norte-americano, que representa uma parte significativa de sua produção. Luiz Eduardo Rezende, diretor-geral da empresa, ressaltou a urgência em antecipar entregas e a necessidade de manter a competitividade no setor.
Entretanto, nem todas as indústrias conseguem se adaptar rapidamente. O setor de pescados, por exemplo, enfrenta dificuldades, com compradores americanos suspendendo encomendas. Eduardo Lobo, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados, alertou sobre a possibilidade de demissões e a falta de mercado alternativo para os produtos, que representam 70% das exportações do setor. Joseph Couri, presidente da Associação Nacional da Micro e Pequena Indústria, também destacou que pequenos exportadores são os mais vulneráveis, sem capital de giro para suportar a nova realidade.