Empresas brasileiras de diversos setores que exportam para os Estados Unidos estão adotando férias coletivas e paralisações temporárias para mitigar os prejuízos causados pelo aumento de tarifas anunciado pelo governo de Donald Trump, que entra em vigor em 1° de agosto. A medida afeta especialmente a produção de ferro gusa, um dos principais produtos exportados pelo Brasil, com um valor superior a US$ 600 milhões até junho de 2025.
Na siderúrgica localizada em Matozinhos, Minas Gerais, a produção foi interrompida na última sexta-feira (25), com trabalhadores expressando preocupação em relação ao futuro. "Produzir material para ficar no chão sem ter um comprador não justifica a paralisação", afirmou André Ribeiro, empresário do setor. A suspensão das entregas por compradores americanos pegou os empresários de surpresa, levando a decisões rápidas para evitar maiores danos financeiros.
Além do setor siderúrgico, a indústria de carnes em Mato Grosso do Sul também sente os efeitos da nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos, redirecionando suas exportações para mercados alternativos como China e Sudeste Asiático. No Paraná, uma empresa de produtos de madeira, que exporta 65 contêineres mensais, anunciou férias coletivas pela primeira vez em 60 anos devido à falta de compradores.
Especialistas em economia, como João Pedro Revoredo da UFMG, destacam que as ações de férias coletivas são uma resposta imediata às incertezas do mercado. "Os empresários estão se precavendo diante da nova tributação, buscando minimizar os impactos negativos em seus negócios e empregos", concluiu Revoredo.