A Embraer, uma das principais fabricantes de aeronaves do Brasil, estima que as tarifas de 50% impostas pelo governo dos Estados Unidos podem resultar em um impacto financeiro de até R$ 20 bilhões até 2030. O alerta foi feito pelo presidente da empresa, Francisco Gomes Neto, em coletiva de imprensa nesta terça-feira (15), onde destacou que os custos adicionais podem inviabilizar a aceitação de pedidos por parte das companhias aéreas.
As tarifas, que se aplicam a aeronaves destinadas ao mercado americano, podem elevar o custo de produção em R$ 50 milhões por unidade, conforme estimativas da própria Embraer. Gomes Neto enfatizou que o setor de aviação opera com margens financeiras apertadas, tornando difícil para as empresas absorverem esses custos extras. A situação pode levar a cancelamentos de pedidos e adiamentos de entregas, o que impactaria diretamente a produção e os investimentos da companhia.
Analistas do mercado financeiro, como Alberto Valerio, do UBS BB, corroboram a preocupação da Embraer, ressaltando que cerca de 35% das aeronaves produzidas pela empresa são projetadas especificamente para o mercado norte-americano, limitando a possibilidade de redirecionamento para outros mercados. A demanda por aeronaves comerciais permanece estável, com previsões de apenas 45 pedidos anuais nos próximos dez anos, dificultando justificativas para novos investimentos.
Desde o anúncio das tarifas, a Embraer tem buscado alternativas para mitigar os impactos financeiros, incluindo a possibilidade de aumentar a produção nos Estados Unidos. No entanto, Gomes Neto afirmou que essa estratégia ainda está em fase de estudo e é mais viável para jatos executivos do que para aeronaves comerciais. A situação atual é comparável aos desafios enfrentados pela empresa durante a pandemia de Covid-19, quando a receita caiu em 30% e a força de trabalho foi reduzida em 20%.