O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) manifestou forte descontentamento em relação ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), por suas tentativas de diálogo com autoridades norte-americanas sobre as tarifas de 50% impostas por Donald Trump aos produtos brasileiros. Em entrevista à Folha de S.Paulo, Eduardo classificou a iniciativa como um "desrespeito" pessoal, afirmando que sua atuação nos Estados Unidos é mais eficaz que a do Itamaraty.
Eduardo Bolsonaro, que está licenciado desde março, também revelou que está considerando abrir mão de seu mandato na Câmara dos Deputados, com o afastamento previsto para terminar em 20 de julho. Ele destacou que só retornará ao Brasil caso o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, seja sancionado pelo governo dos EUA, uma vez que Moraes conduz inquéritos que investigam ações golpistas de 2022.
As declarações de Eduardo evidenciam um racha no campo bolsonarista, especialmente em meio à crise diplomática com os Estados Unidos. Tarcísio, cotado para a presidência em 2026, busca neutralizar o desgaste causado pelo tarifaço e tem realizado reuniões com Jair Bolsonaro e autoridades do STF. No entanto, sua busca por diálogo gerou desconforto entre os setores mais radicais do bolsonarismo, que priorizam a pressão sobre o STF, mesmo diante das consequências econômicas das tarifas.
O governo Lula, por sua vez, tenta associar o impacto econômico das tarifas ao bolsonarismo, argumentando que a aproximação entre Bolsonaro e Trump, bem como a atuação de Eduardo nos EUA, contribuem para as sanções contra autoridades brasileiras. Essa estratégia visa minar a imagem de moderação que Tarcísio tenta construir em meio à crise.