O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) está articulando com aliados a possibilidade de assumir um cargo de secretário estadual, o que lhe permitiria manter seu mandato mesmo enquanto licenciado. A estratégia visa garantir sua permanência na Câmara dos Deputados, uma vez que o Regimento Interno permite que parlamentares se afastem temporariamente para ocupar funções no Executivo, desde que formalizem o pedido de licença e este seja aprovado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Entretanto, a proposta gerou controvérsia e foi levada ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde foi considerada uma medida preocupante por ministros, que a veem como uma tentativa de proteção a Eduardo, que enfrenta um inquérito por suspeita de coação no curso do processo. O deputado é investigado por supostamente ter articulado sanções dos Estados Unidos contra o Brasil, em um contexto relacionado ao julgamento de seu pai, Jair Bolsonaro, por tentativa de golpe de Estado nas eleições de 2022.
A coação no curso do processo é um crime que pode resultar em pena de prisão de um a quatro anos, além de multa. Aliados de Eduardo foram alertados de que sua nomeação como secretário poderia representar um risco penal para o governador que o escolher, citando o caso do ex-ministro Anderson Torres, que foi preso após os eventos de 8 de janeiro e cuja nomeação gerou consequências para o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, que foi afastado por 90 dias pela Corte.