Economistas brasileiros manifestaram discordância em relação às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, feitas durante um evento no Rio de Janeiro, onde ele afirmou que o "modelo de austeridade não deu certo em nenhum país do mundo". A fala ocorreu no dia 3 de novembro e incluiu a defesa de um novo modelo de financiamento sem exigências para concessão de crédito. Especialistas alertam que essa visão pode desconsiderar a importância da responsabilidade fiscal para a estabilidade econômica.
Robson Gonçalves, economista da Fundação Getulio Vargas, criticou a afirmação de Lula, ressaltando que a ideia de um financiamento sem condicionalidades é inviável. "Todo agente econômico tem um limite de crédito atrelado à sua responsabilidade fiscal", afirmou. Além disso, Gonçalves contestou a relação entre austeridade e desigualdade, citando exemplos de países escandinavos que conseguiram reduzir desigualdades mantendo rigor fiscal.
Marcus Pestana, diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente, também se posicionou sobre o tema, enfatizando que a austeridade deve ser analisada dentro do contexto histórico de cada país. Ele alertou que o Brasil, atualmente com uma economia em crescimento, não pode se dar ao luxo de manter déficits sistemáticos, pois isso pode agravar a dívida pública. A preocupação com as contas públicas se intensificou após o governo sugerir adiar a meta de zerar o déficit fiscal, o que gerou reações negativas no mercado financeiro.
As declarações de Lula e a resposta dos economistas refletem um debate crucial sobre a condução da política econômica brasileira em um momento de incertezas fiscais. A necessidade de um equilíbrio entre austeridade e crescimento sustentável continua sendo um tema central nas discussões sobre o futuro econômico do país.