Na sexta-feira (11), o dólar fechou com leve alta de 0,1%, cotado a R$ 5,5479, enquanto o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, registrou queda de 0,41%, aos 136.187 pontos. As oscilações refletem a tensão gerada pela decisão do governo dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada pelo presidente Donald Trump na última quarta-feira (9). Ao longo da semana, a moeda norte-americana acumulou alta de 2,28% frente ao real, enquanto o Ibovespa recuou 3,20%, apresentando desempenho negativo em todos os pregões da semana.
As tarifas impactam setores estratégicos da economia brasileira, como petróleo, aço, café, carne bovina, suco de laranja e aeronaves. A Embraer, que obtém cerca de 23,8% de sua receita com vendas para os EUA, é uma das empresas mais afetadas. Outras companhias, como Suzano e Tupy, também podem enfrentar consequências negativas. A medida elevou a incerteza no mercado e reacendeu temores de uma guerra comercial, com o dólar chegando a subir quase 1% durante a manhã, antes de desacelerar após Trump sinalizar a possibilidade de diálogo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula criticou a postura de Trump, que justificou a tarifa com argumentos políticos, mencionando o ex-presidente Jair Bolsonaro em uma carta ao governo brasileiro. O presidente brasileiro afirmou que buscará diálogo, mas que, se necessário, utilizará a Lei da Reciprocidade Econômica para retaliar. A lei permite ao governo brasileiro aplicar medidas provisórias de retaliação em disputas comerciais. Trump, por sua vez, advertiu que, caso o Brasil reaja com novas tarifas, os EUA poderão aumentar ainda mais as taxas sobre produtos brasileiros, o que pode elevar a inflação e desacelerar a economia.
O Ministério da Fazenda, no entanto, minimizou os impactos no crescimento do PIB, prevendo um efeito limitado e concentrado em alguns setores. A projeção de crescimento para 2024 foi revista para cima, passando de 2,4% para 2,5%. Além do Brasil, Trump notificou 23 países sobre novas tarifas, incluindo o Canadá, que recebeu uma tarifa de 35% sob a alegação de não combater adequadamente o tráfico de fentanil. A situação acentuou a aversão ao risco nos mercados globais.