O dólar encerrou a quinta-feira, 31, em alta de 0,21%, cotado a R$ 5,6008, após um dia de oscilações impulsionadas por fatores internos e externos. O real registrou em julho seu pior desempenho mensal desde novembro de 2024, refletindo a saída de recursos estrangeiros e a deterioração da dinâmica da dívida pública brasileira. O mercado reagiu à expectativa de que o Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos manterá as taxas de juros elevadas por um período prolongado, o que fortaleceu a moeda americana.
Além disso, a queda nos preços das commodities e a recente pesquisa AtlasIntel/Bloomberg, que indicou uma leve recuperação na aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também influenciaram a cotação do real. A aprovação do presidente atingiu 50,2%, superando a desaprovação pela primeira vez em 2025, o que pode ter gerado incertezas entre os investidores sobre o cenário político e econômico do país.
O contrato futuro do dólar para setembro subiu 0,66%, alcançando R$ 5,6440, com um volume de negociações superior a US$ 11,5 bilhões. Especialistas apontam que a tensão política entre Brasil e Estados Unidos, exacerbada pela aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro do STF, Alexandre de Moraes, e as tarifas de 50% impostas pelos EUA a produtos brasileiros, também contribuem para a cautela no mercado.
Ricardo Chiumento, superintendente da Mesa de Derivativos do BS2, destacou que, apesar das tarifas aplicadas a quase 700 produtos, a balança comercial brasileira pode ser impactada negativamente, levando investidores a retirar recursos do país. A economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, complementou que a pressão sobre a taxa de câmbio é resultado da interpretação do mercado sobre o discurso do Fed, que sinalizou um tom mais rigoroso em relação à política monetária.