Após um aumento de quase 30% em 2024, quando ultrapassou R$ 6,00, o dólar à vista registrou uma queda de mais de 11% no primeiro semestre de 2025, atingindo o patamar de R$ 5,50. Especialistas consultados pela Broadcast indicam que a moeda americana pode descer ainda mais, chegando a R$ 5,40 no curto prazo. Instituições financeiras como Itaú Unibanco, BTG Pactual e MCM 4intelligence ajustaram suas previsões para o fim do ano, mas ainda esperam que o dólar permaneça acima dos níveis atuais devido a questões fiscais internas.
Os analistas acreditam que a tendência de desvalorização do dólar globalmente deve continuar nos próximos meses, com o índice DXY, que mede o desempenho da moeda em relação a outras divisas fortes, apresentando uma queda superior a 10% em 2025. Este movimento é atribuído a incertezas sobre a economia dos Estados Unidos, especialmente após a guerra tarifária iniciada pelo ex-presidente Donald Trump. Além disso, a taxa básica de juros brasileira, mantida em 15% ao ano, deve favorecer o real, incentivando operações de carry trade.
Entretanto, a expectativa de um fluxo cambial sazonal desfavorável no segundo semestre e um possível aumento da percepção de risco fiscal geram incertezas. Recentemente, a derrubada de um decreto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) reacendeu discussões sobre o cumprimento das metas fiscais, especialmente a meta de superávit primário de 0,25% do PIB prevista para 2026. A corrida presidencial de 2026 também pode impactar a taxa de câmbio, segundo analistas.
O economista-chefe do Banco BV, Roberto Padovani, expressou preocupações sobre o aumento do risco soberano do Brasil, embora tenha revisado sua previsão para o dólar de R$ 6,50 para R$ 6,00. Ele destacou que a percepção de piora nas contas públicas pode ser atenuada por expectativas de mudanças políticas, mas ainda vê um real mais fraco até o final do ano. A MCM 4intelligence também mantém uma visão cautelosa, reduzindo sua previsão para o dólar de R$ 5,80 para R$ 5,70, citando incertezas fiscais e políticas que podem ganhar destaque no futuro.