Diplomatas brasileiros avaliam que o recente interesse dos Estados Unidos pelas terras raras do Brasil é, por ora, um "balão de ensaio" e não uma proposta concreta de negociação. A declaração foi feita pelo encarregado de negócios da embaixada dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, durante um encontro com representantes do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Escobar, que comanda a missão diplomática na ausência de um embaixador nomeado pelo presidente Donald Trump, abordou o tema em um contexto informal, o que gerou ceticismo entre os diplomatas brasileiros.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em discurso na quinta-feira (24), fez uma crítica indireta a Trump, afirmando que "ninguém põe a mão" nos minerais brasileiros. As terras raras, essenciais para a fabricação de tecnologias avançadas, são um recurso estratégico, e o Brasil possui a segunda maior reserva do mundo, atrás apenas da China. No entanto, não houve até o momento qualquer sinal oficial da Casa Branca sobre a possibilidade de reverter tarifas impostas a produtos brasileiros em troca de acesso a esses minerais.
Diplomatas do Itamaraty expressaram preocupação com a informalidade da abordagem de Escobar, ressaltando que sua posição não o torna um porta-voz oficial da presidência americana. Além disso, destacaram que o tarifaço de Trump parece estar mais relacionado a pressões internas do que a um interesse estratégico genuíno nos minérios brasileiros. O governo Lula, por sua vez, está preparando a Política Nacional de Minerais Críticos, que deve ser anunciada em 2025, visando fortalecer a autonomia do Brasil no cenário internacional e aumentar a atratividade para investimentos no setor mineral.