Fontes diplomáticas que acompanham a crise das tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil afirmam que é necessário aguardar a situação se estabilizar para avaliar a existência de um canal de diálogo com o governo de Donald Trump. Caso não haja espaço para negociações, a diplomacia brasileira continuará a defender a democracia no país. A avaliação no Itamaraty indica que Trump se envolveu na campanha eleitoral brasileira, oferecendo apoio à família Bolsonaro, mas impôs condições inegociáveis, como a exigência de que o Brasil encerre o julgamento contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Diplomatas consideram inaceitável que um líder estrangeiro interfira na Justiça brasileira, ressaltando que tal interferência não é aceitável em uma democracia. Embora sinais de uma possível ação da Casa Branca em relação ao Brasil tenham sido percebidos, a introdução de um componente político nas negociações por parte de Trump causou preocupação. As tarifas anunciadas podem impactar severamente setores produtivos, como café, celulose, petróleo e suco de frutas.
A embaixadora Maria Luisa Escorel, do Ministério das Relações Exteriores, expressou estranheza sobre a intervenção de uma democracia tradicional nos assuntos internos do Brasil. Apesar das ameaças de retaliação, o governo brasileiro busca resolver a situação por meio de negociações, utilizando o prazo até 1º de agosto para tentar um avanço. Diplomatas lembram que o Brasil já enfrentou crises com o governo Trump anteriormente, mas a atual situação é considerada mais grave devido ao ataque ao estado democrático de direito no país.