Dois desastres ambientais em Goiás, ocorridos em menos de uma semana, expuseram a grave situação dos lixões no estado, que permanecem irregulares apesar de alertas e decisões judiciais. Um desmoronamento em Padre Bernardo e um incêndio prolongado em Piracanjuba evidenciam a falta de controle e a fragilidade da gestão ambiental na região.
O colapso do aterro privado Ouro Verde, em Padre Bernardo, foi classificado pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado (Semad) como a maior tragédia ambiental em Goiás desde o acidente com o Césio 137, em 1987, contaminando solo e água. A estrutura operava sob disputa judicial, mesmo com histórico de autuações e uma perícia que confirmava o risco de colapso. Após o desastre, a Semad embargou o local, mas tentativas anteriores de interdição foram revertidas pela Justiça.
Em Piracanjuba, um vídeo mostra focos de incêndio ativos no lixão municipal, que consome uma área há meses. Apesar de um bloqueio do Ministério Público em 2023, a prefeitura voltou a utilizar o espaço irregularmente, sem soluções definitivas para o descarte de resíduos. Goiás é o segundo estado com mais lixões a céu aberto no Brasil, com 177 unidades em funcionamento, segundo dados de 2023.
A recente aprovação pela Câmara dos Deputados do Projeto de Lei 1323/24, que prorroga por mais cinco anos o fechamento de lixões, reflete a conivência parlamentar com a situação. Prefeitos alegam falta de recursos e apoio, mas a omissão institucional e a postergação de prazos perpetuam a crise, expondo comunidades a riscos ambientais e à sensação de impunidade.