Deputados da base governista estão articulando a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar possíveis operações financeiras com uso de informação privilegiada, ocorridas antes do anúncio das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos ao Brasil, no dia 9 de outubro. A iniciativa surge após a determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para a abertura de um inquérito sobre o caso, solicitado pela Advocacia-Geral da União (AGU).
A AGU apontou indícios de que entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões foram comprados em um intervalo de tempo específico, entre 13h30 e 16h20, a uma taxa de R$ 5,46, antes da divulgação da carta do ex-presidente Donald Trump, que anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A venda posterior a R$ 5,60 gerou um lucro incomum de até 50% em menos de três horas, levantando suspeitas sobre a possibilidade de que os operadores tivessem conhecimento prévio das decisões do governo norte-americano.
O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) expressou preocupação com o episódio, afirmando que ele indica uma possível aliança internacional que visa atacar a soberania do Brasil, com motivações políticas e financeiras. Ele destacou a atuação de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, como o deputado Eduardo Bolsonaro e o empresário Paulo Figueiredo, que teriam defendido publicamente sanções contra o Brasil, aumentando as suspeitas de conluio.
A proposta de CPMI será formalizada após o recesso parlamentar e, para sua instalação, necessita do apoio de pelo menos 171 deputados e 27 senadores. Farias enfatizou que o Congresso não pode se omitir diante da possibilidade de crimes financeiros e manipulação econômica que possam estar sendo cometidos contra o Brasil.