A Polícia Federal deflagrou na terça-feira, 8, uma operação contra um grupo suspeito de desvio de recursos públicos por meio de fraudes em licitações no Ceará, tendo como principal alvo o deputado federal Júnior Mano (PSB-CE). A ação incluiu buscas em seu gabinete na Câmara dos Deputados e em residências em Brasília e no Ceará, onde o parlamentar é investigado desde 2024 por supostas irregularidades relacionadas a emendas parlamentares.
A Operação Underhand investiga a destinação de cerca de R$ 120 milhões em emendas por Júnior Mano a municípios cearenses, com suspeitas de que esses repasses tenham sido utilizados em licitações fraudulentas para beneficiar aliados políticos. A PF identificou que o deputado teria um papel central na manipulação de eleições em pelo menos 50 municípios, com indícios de envolvimento direto no desvio de emendas para compra de votos.
A operação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e resultou em 15 mandados de busca e apreensão em Brasília e em cinco cidades cearenses. Além disso, foi determinado o bloqueio de R$ 54,6 milhões em contas de pessoas físicas e jurídicas ligadas à investigação. O inquérito teve início a partir de uma denúncia da ex-prefeita de Canindé, Rozário Ximenes, que relatou a atuação de empresários em um esquema de desvio de emendas, envolvendo Júnior Mano e seu apadrinhado, Carlos Alberto Queiroz Pereira, conhecido como Bebeto do Choró, que está foragido.
A investigação também levantou suspeitas sobre irregularidades envolvendo emendas do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), embora ele não tenha sido alvo da operação. O Ministério Público Eleitoral no Ceará já pediu a cassação do mandato do atual prefeito de Canindé, Professor Jardel (PSB), ligado a Bebeto, com base em indícios de compra de votos, incluindo a apreensão de R$ 56 mil em espécie e um caderno que registrava uma rede de cooptação de sufrágios em troca de benefícios materiais.