Uma crise iminente no setor de processamento de alimentos dos Estados Unidos está sendo provocada por uma combinação de deportações de trabalhadores sem documentação e mudanças nas políticas de saúde. Com planos para deportar entre 1 milhão e 1,3 milhão de trabalhadores, empresas do setor agrícola, frigoríficos e laticínios alertam para uma escassez crítica de mão de obra. Dados do USDA indicam que 42% dos trabalhadores rurais não possuem autorização legal para trabalhar, e no setor de carnes, essa porcentagem varia entre 30% e 50%. A ausência desses trabalhadores pode resultar em fechamento de operações e aumento de custos em toda a cadeia de suprimentos.
A secretária da Agricultura, Brooke Rollins, sugeriu uma solução controversa: substituir os trabalhadores migrantes por beneficiários do Medicaid em idade produtiva. Embora 34 milhões de adultos recebam Medicaid, especialistas do setor consideram a proposta impraticável, já que apenas 5,6 milhões estão desempregados e menos ainda são aptos para trabalhos fisicamente exigentes. Estima-se que, na melhor das hipóteses, apenas 500 mil a 750 mil beneficiários poderiam ser realocados para o setor agrícola, resultando em um déficit de mais de meio milhão de trabalhadores.
Empresários do setor estão explorando alternativas, como a automação, que, embora promissora, enfrenta limitações práticas. Ryan Jacobsen, CEO da Fresno County Farm Bureau, destacou que a colheita de frutas ainda requer mão de obra humana. Além disso, a expansão do programa de vistos H-2A para trabalhadores temporários estrangeiros poderia ser uma solução, mas enfrenta obstáculos administrativos. As consequências para o setor alimentício são graves, com expectativa de aumento nos custos trabalhistas e pressão nas margens das empresas.