A prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) agora depende da postura de sua família e de seus apoiadores radicais, após as restrições impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Especialistas afirmam que essa situação pode intensificar as divisões internas na direita e impactar as eleições de 2026. Bolsonaro, que está usando uma tornozeleira eletrônica e proibido de se comunicar nas redes sociais, enfrenta dificuldades em mobilizar sua base eleitoral, que é fortemente ativa na internet.
De acordo com o cientista político Murilo Medeiros, as medidas cautelares têm gerado uma polarização entre os aliados de Bolsonaro, ao mesmo tempo em que acentuam as divisões dentro do campo político da direita. A situação se complica ainda mais com o dilema enfrentado pelos grupos: optar por um discurso radicalizado ou seguir uma linha mais moderada nas próximas eleições.
A análise de Cláudio Couto, da FGV, indica que as restrições a Bolsonaro podem prejudicar as estratégias eleitorais de candidatos alinhados ao ex-presidente, que corre o risco de se tornar uma figura tóxica para seus apoiadores. A popularidade do presidente Lula, que se beneficia do contexto atual, também é citada como um fator que pode enfraquecer ainda mais o espólio político de Bolsonaro, que se torna cada vez mais escasso à medida que se aproxima 2026.
Por fim, a postura da família Bolsonaro em relação ao tarifaço imposto por Donald Trump tem gerado um racha entre seus apoiadores e os grupos mais moderados, o que pode resultar em disputas acirradas por lideranças dentro da direita. A falta de solidariedade dos partidos do “Centrão” em relação a Bolsonaro também indica uma mudança no cenário político, com implicações diretas para o futuro do ex-presidente e suas chances nas próximas eleições.