O Dalai Lama, líder espiritual do budismo tibetano, completa 90 anos neste domingo (6) e inicia discussões sobre sua sucessão. Durante uma recente declaração, ele enfatizou que seus seguidores devem rejeitar qualquer indicação do governo chinês para sua reencarnação, destacando a influência que Pequim busca exercer sobre a escolha do novo líder espiritual. Essa questão é vista como uma tentativa da China de reforçar seu controle sobre o Tibete, região que atualmente é administrada por Pequim.
A tradição budista estabelece que o Dalai Lama pode escolher onde e quando irá reencarnar, e sua figura é considerada uma manifestação do Avalokiteshvara, uma entidade superior. Após sua morte, monges tibetanos iniciarão a busca pela criança que será reconhecida como sua reencarnação. A recente declaração do Dalai Lama traz alívio para seus seguidores, que aguardavam por uma posição clara sobre a continuidade da liderança espiritual, especialmente após o líder ter sugerido anteriormente que poderia ser o último a ocupar o posto.
As tensões entre o Tibete e a China remontam à década de 1940, quando o governo chinês buscou reincorporar a região, considerada parte histórica de seu território. Desde a invasão chinesa em 1950 e a subsequente fuga do Dalai Lama para a Índia em 1959, a situação no Tibete se tornou um ponto focal de disputas geopolíticas, com os Estados Unidos e a Índia expressando apoio ao líder espiritual. Especialistas alertam que a escolha do próximo Dalai Lama pode ter implicações significativas para a dinâmica política na Ásia, além de ser uma questão profundamente enraizada na religião tibetana.