A curva de juros brasileira apresentou alta em quase todos os vencimentos nesta sexta-feira, 18 de outubro, refletindo o aumento das preocupações dos investidores em relação a uma possível ofensiva dos Estados Unidos contra o Brasil. O movimento foi impulsionado pela crise política gerada pelo novo inquérito da Polícia Federal que investiga o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de estimular sanções americanas ao país.
Ao final do dia, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2026 fechou em 14,965%, um aumento em relação aos 14,943% do dia anterior. Outros vencimentos também registraram elevações, como o DI de janeiro de 2027, que passou de 14,339% para 14,365%, e o de janeiro de 2028, que subiu de 13,687% para 13,735%. As taxas atingiram máximas intradia por volta das 13h30, após o Supremo Tribunal Federal (STF) manter as restrições impostas a Bolsonaro.
A nova investigação da PF concluiu que Bolsonaro incentivou ações do governo dos EUA que visam sanções ao Brasil, em resposta ao processo no STF. O ex-presidente está sob medidas restritivas, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e proibição de acesso a redes sociais. Em uma carta publicada na rede Truth Social, o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, defendeu Bolsonaro e pediu o encerramento do julgamento no STF.
Paulo Henrique Oliveira, estrategista da Daycoval Corretora, observou que, apesar do clima de incerteza, os vencimentos mais curtos da curva de juros permaneceram estáveis, indicando que o Comitê de Política Monetária (Copom) conseguiu ancorar as expectativas em relação à Selic. Oliveira também destacou a falta de consenso sobre a candidatura de oposição à presidência em 2026 e as tensões comerciais com os EUA como fatores que pressionam os juros futuros, aumentando a percepção de risco fiscal no Brasil.