O romance 'Tudo é Rio', da autora Carla Madeira, tem gerado debates acalorados entre leitores e críticos desde seu lançamento. A obra, que narra a história de Dalva, Lucy e Venâncio, é descrita como uma tentativa de explorar a complexidade das emoções humanas, mas acaba se perdendo em uma narrativa que simplifica as experiências de dor e amor. O livro, amplamente consumido em diversos ambientes, como aeroportos e salões de beleza, é criticado por sua falta de risco e profundidade, apresentando uma fórmula que parece se encaixar nas fissuras emocionais contemporâneas.
A crítica aponta que a prosa de Madeira, embora poética, frequentemente escorrega para o melodrama, utilizando repetição excessiva de termos como 'sangue' e 'dor', o que pode cansar o leitor. A representação do sexo e da violência na narrativa também é questionada, com personagens que parecem existir apenas para servir a um propósito simbólico, em vez de serem explorados em sua totalidade. A abordagem do perdão, central na trama, é vista como apressada, sugerindo que a dor e o luto não têm espaço para uma verdadeira reflexão na literatura.
Apesar das críticas, 'Tudo é Rio' foi recebido com entusiasmo por muitos, sendo considerado por alguns como um 'evangelho emocional'. Essa recepção levanta questões sobre a necessidade de uma literatura que permita a expressão de dores complexas, sem a pressão de uma resolução imediata. A obra, embora contenha momentos de beleza, é vista como insuficiente para oferecer a profundidade que a experiência humana exige, deixando um sentimento de que a verdadeira ambiguidade e contradição na literatura ainda são necessárias para um entendimento mais rico da dor e do amor.