A pecuária de corte nos Estados Unidos enfrenta uma grave crise, com o rebanho bovino atingindo o menor nível em 74 anos, segundo o relatório "Cattle Inventory" do Departamento de Agricultura dos EUA (Usda-Nass). Em janeiro de 2024, o país registrou apenas 87,2 milhões de bovinos, uma queda de 2% em relação ao ano anterior. A situação se agrava com a redução do rebanho de matrizes de corte, que encolheu 2,4%, totalizando 28,2 milhões de fêmeas, resultado de uma liquidação forçada devido à seca persistente nas principais regiões produtoras.
A produção de bezerros também caiu drasticamente, com 600 mil nascimentos a menos em 2024, o que levanta preocupações sobre a recuperação futura do setor. Especialistas estimam que a recuperação completa do rebanho pode levar de 8 a 12 anos, mesmo que as condições climáticas melhorem. Essa crise está forçando os EUA a aumentar suas importações de carne bovina, que em 2023 chegaram a 1,89 milhão de toneladas, um aumento de 11,9% em relação ao ano anterior.
Os preços dos cortes bovinos no mercado interno também dispararam, com variações superiores a 15% nos últimos 12 meses, refletindo a escassez de produção local. Nesse contexto, a carne brasileira tem ganhado destaque, com as exportações para os EUA subindo de 8 mil toneladas em abril de 2024 para 48 mil toneladas em abril de 2025, um aumento impressionante de 500%. A situação evidencia uma transformação estrutural na indústria de carne bovina americana, que historicamente era autossuficiente.