Em meio à crise econômica mais severa dos últimos 30 anos, Cuba observa um aumento significativo na adesão ao evangelicalismo, conforme apontam especialistas. Embora não existam dados oficiais, a presença de grupos evangélicos, como a Igreja Movimiento Apostólico Fuego y Dinámica del Espíritu Santo em Camagüey, tem se tornado cada vez mais visível, especialmente entre os jovens. Recentemente, em Havana, um grupo de cubanos se reuniu na Plaza del Cristo para orar em público, uma prática que era considerada incomum na ilha até pouco tempo atrás.
Pedro Alvarez Sifontes, mestre em Estudos Sociais e Filosóficos da Religião pela Universidade de Havana, confirma que o número de evangélicos tem aumentado nos últimos cinco anos. Segundo ele, a crise de saúde pública e a deterioração econômica impulsionaram muitos cubanos a buscarem apoio nas igrejas. O teólogo Eliecer Portal, que atua como guia turístico, também destaca que momentos de crise frequentemente levam as pessoas a se voltarem para a fé.
Historicamente, Cuba foi um Estado ateu, especialmente após a revolução socialista de 1959, que promoveu uma visão materialista da sociedade. A Constituição de 1976 estabeleceu a laicidade do Estado, mas a realidade atual demonstra uma mudança no panorama religioso do país. A crescente adesão ao evangelicalismo reflete não apenas uma busca por espiritualidade em tempos difíceis, mas também uma transformação cultural significativa na sociedade cubana.