O aumento dos casos de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) com dificuldades de pagamento tem levado credores a buscar alternativas de negociação. Gestores de fundos de investimento, responsáveis por administrar esses ativos, têm aceitado repactuações para evitar inadimplementos, conforme destacou Carlos Brihy, diretor da consultoria Alvarez & Marsal. A situação se agrava à medida que incorporadoras enfrentam dificuldades financeiras, comprometendo a entrega de obras e o pagamento de dívidas.
Um exemplo é o fundo Suno Recebíveis Imobiliários (SNCI11), que em junho prorrogou por um mês o vencimento de obrigações da construtora RDR, de Itu (SP), para permitir a conclusão de um empreendimento. Vitor Duarte, diretor de investimentos da Suno Asset, explicou que o mercado está repleto de renegociações, onde os gestores preferem alongar prazos de pagamento a executar dívidas, evitando custos adicionais com ativos não concluídos.
Recentemente, o fundo Banestes Recebíveis (BCRI11) anunciou a flexibilização de condições de CRIs do Grupo WAM, que enfrenta reestruturação. Marcos Amaral Vargas, diretor de gestão de recebíveis na Banestes, afirmou que a empresa precisa de tempo para recuperar sua performance. O BCRI11 atualmente possui cerca de 15,5% de sua carteira em inadimplência, mas Vargas defendeu a saúde geral do portfólio.
Por outro lado, o Urca Prime Renda (URPR11) também se viu obrigado a negociar com incorporadoras, resultando em uma redução significativa na distribuição de dividendos para 2024. A prática, embora necessária para evitar a paralisação de obras, gerou descontentamento entre os cotistas, com as cotas do fundo caindo pela metade desde o ano passado. A Urca Capital não se manifestou sobre a situação.