Investidores e gestores de crédito privado enfrentam um cenário desafiador com a alta da Selic e a possibilidade de taxação sobre ativos atualmente isentos, após a proposta de elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Apesar disso, especialistas afirmam que ainda existem oportunidades nesse segmento, especialmente para aqueles que adotam uma gestão ativa em busca de bons retornos. A afirmação foi feita por Fayga Czerniakowski Delbem, superintendente da mesa de crédito core da Itaú Asset, durante um painel na Expert XP 2025 na última sexta-feira (25).
A Medida Provisória que propõe a aplicação de 5% de Imposto de Renda sobre rendimentos de ativos isentos está atualmente em tramitação no Congresso, o que já impacta os preços desses ativos. Com a crescente alocação de investidores, os spreads têm apresentado quedas significativas, levando a algumas emissões a ficarem “carecas”, ou seja, sem diferencial de remuneração em relação aos títulos públicos equivalentes. Delbem recomenda a utilização de fundos de investimento com gestão ativa para navegar nesse ambiente, ressaltando a importância de selecionar ativos com valor real.
Daniela Gamboa, head de crédito privado da SulAmérica, destacou que o segundo semestre de 2023 representa uma oportunidade para montar carteiras com opções ainda isentas, já que as novas regras de taxação poderão entrar em vigor no próximo ano, mas preservarão emissões feitas até o final de 2025. Ela observou que as debêntures continuam atraentes e que haverá uma grande oferta de ativos, permitindo que as empresas aproveitem o interesse dos investidores.
Alexandre Müller, da JGP, enfatizou a importância da gestão ativa em um cenário de spreads mais baixos e a necessidade de evitar empresas com balanços alavancados ou problemas de governança. Ele sugeriu que os investidores busquem um controle colateral com investimentos seguros, além de realizar apostas pontuais em ativos que apresentem maior potencial de retorno.