Os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) e os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) são frequentemente comparados, mas apresentam diferenças significativas em suas estruturas e riscos. Enquanto ambos são instrumentos de dívida, os CRAs enfrentam um mercado em amadurecimento e uma indústria de agronegócio que requer intensa capitalização. Felipe Greco, gestor dos fundos agro da Kinea, destaca que muitas empresas do setor ainda dependem de financiamentos tradicionais, como bancos e cooperativas, e precisam melhorar sua governança para se adaptarem ao mercado de capitais.
Greco enfatiza a importância de uma gestão profissional e de uma governança robusta nas empresas emissoras de CRAs. Ele observa que muitas delas ainda são geridas por empresários que acumulam diversas funções, o que pode comprometer a eficiência operacional. Além disso, a análise de crédito das empresas é crucial, priorizando aquelas com histórico consistente e capacidade de se manterem ativas em diferentes ciclos econômicos.
A diversificação das carteiras dos Fundos de Investimento em Agronegócio (Fiagros) também é um ponto central, dado que o agronegócio abrange uma cadeia produtiva variada, com culturas que respondem de maneiras distintas a fatores econômicos e climáticos. Tiago Reis, sócio-fundador da Suno, acrescenta que a tendência de empresas do agronegócio ingressarem no mercado de capitais é crescente, com setores como celulose e carnes já se destacando. Ele ressalta que a listagem na bolsa pode reduzir custos de capital e melhorar a transparência, facilitando a gestão de crises.
Apesar do avanço, Reis observa que muitos grandes produtores de soja, especialmente em regiões como Mato Grosso e MATOPIBA, ainda não exploram plenamente o mercado de capitais, embora essa barreira esteja sendo gradualmente superada. A entrada dessas empresas no mercado de dívida, tanto no Brasil quanto no exterior, é um sinal de evolução no setor.