O coronel do Exército Fabrício Moreira de Bastos confirmou, nesta segunda-feira (28), durante depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que teve acesso e repassou a chamada Carta ao Comandante do Exército, que é investigada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como uma tentativa de pressionar o alto comando militar a apoiar um golpe de Estado após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022. O depoimento ocorreu no âmbito da ação penal relacionada ao suposto golpe militar.
Bastos, que foi interrogado pelo juiz auxiliar do ministro Alexandre de Moraes, Rafael Henrique, afirmou que o pedido para repassar o documento partiu do então chefe do Centro de Inteligência do Exército (CIE), coronel De La Vega. O coronel explicou que, embora não participasse do grupo de WhatsApp 'Aman 97', solicitou uma cópia da carta ao coronel Correia Neto, que a enviou. O objetivo, segundo Bastos, era dissuadir os oficiais de publicá-la e desencorajar novas assinaturas.
Durante o depoimento, Bastos criticou a qualidade do texto da carta, descrevendo-a como mal escrita e incoerente. Ele também informou que o Exército instaurou uma sindicância interna e puniu os militares que assinaram ou divulgaram o documento. A PGR identificou os tenentes-coronéis Ronald Ferreira de Araújo Júnior e Sérgio Cavaliere como coautores da carta, que foi vazada pelo jornalista Paulo Figueiredo, com o intuito de aumentar a pressão sobre os comandantes que resistiam à ideia de um golpe.
O caso segue sob análise do STF, que investiga a tentativa de ruptura institucional. A situação levanta preocupações sobre a integridade das instituições militares e a possibilidade de ações que comprometam a democracia no Brasil.