A abertura da Copa América de Futebol Feminino, marcada para esta sexta-feira (11), traz à tona discussões sobre as condições das mulheres no esporte. Apesar de um aumento de 24% no público da modalidade em 2025, as atletas ainda enfrentam desafios significativos, como abusos e dificuldades para assumir cargos de treinadoras. Essas questões foram debatidas em audiência pública promovida pela Comissão de Esporte (CEsp) na quarta-feira (9), com a participação da senadora Leila Barros (PDT-DF) e diversas atletas de alta performance.
Durante a audiência, Leila Barros enfatizou que "ainda há um longo caminho" a ser percorrido para garantir igualdade de oportunidades entre homens e mulheres no esporte. A senadora destacou a importância da representatividade feminina em posições de liderança, como em comitês olímpicos e cargos governamentais, para assegurar um futuro mais inclusivo para as próximas gerações. As atletas brasileiras, que foram maioria na Olimpíada de Paris 2024, conquistaram 13 das 20 medalhas, mas a disparidade entre treinadoras e treinadores permanece alarmante, com uma treinadora para cada 7,6 treinadores homens.
A ex-nadadora Joanna Maranhão trouxe à tona dados alarmantes sobre a violência enfrentada por atletas, revelando que 63% delas sofreram violência sexual antes dos 18 anos. Joanna defendeu a criação de agências de esporte seguro no Brasil, inspiradas em modelos europeus, que investigariam casos de violência e puniriam abusadores. A Lei Joanna Maranhão, aprovada em 2012, já busca aumentar o período de punição para crimes cometidos na infância, e a Lei 15.032, em vigor desde o ano passado, exige que entidades esportivas capacitem seus profissionais contra abusos para receber recursos públicos.
Por fim, a proposta de criação da Autoridade Nacional para Prevenção e Combate à Violência e à Discriminação no Esporte (Anesporte), que atenderia a demandas como as apresentadas por Joanna, foi vetada pela Presidência da República, evidenciando a necessidade de um debate mais profundo sobre a segurança e a igualdade de gênero no esporte brasileiro.